Produtores

Região Lisboa

Húmus

Rodrigo Filipe

Rodrigo Filipe: “Não poderia fazer vinho de outra forma… estava destinado”.

Quem chega à Encosta da Quinta, localizada entre as Caldas da Rainha e Rio Maior, fica logo duplamente arrebatado, pela beleza das encostas repletas de vinhas e espécies vegetais que entre elas crescem, mas igualmente pela sensação de que se está num lugar longínquo, arredado da civilização. Esta paisagem natural é o espelho da personalidade branda, cortês, generosa e deveras acolhedora de Rodrigo Filipe, que labora na propriedade que seu avô havia adquirido nos anos 60 do século passado, mas que só haveria de ver vinhos seus engarrafados, vinte anos mais tarde, por obra do pai de Filipe, engenheiro agrónomo de profissão.

Rodrigo ainda participou na última vindima do pai, em 1992, mas a sua atenção estava voltada para os estudos de engenharia civil que iria começar em breve. Entre 1993 e 1998, apesar das vinhas não terem sido abandonadas, ninguém lá fez vinho para engarrafar. É só em 1999, ainda durante o seu curso universitário, que Rodrigo regressa às vinhas para realizar, sozinho, a sua primeira colheita, e foi nessa ocasião que o apego à terra e ao vinho se fizeram sentir, para não mais o abandonar. Ganhou-se, assim, um produtor de vinhos artesanais, e perdeu-se um engenheiro civil. Quanto à vontade de surfar, essa não desapareceu, bem pelo contrário.

O que Rodrigo havia recebido dos seus antepassados sobre a arte de fazer vinhos era baseado em métodos convencionais que não o satisfaziam quando verificava os resultados finais. Se nesses primórdios já manifestava grande empenho em obter produtos saudáveis para a alimentação da sua família, por que não propagar este empenho aos seus próprios vinhos? Foi este raciocínio simples que o levou a apostar com convicção na agricultura orgânica: “Se eu exijo para mim produtos agrícolas saudáveis, então também devo produzir um vinho que seja saudável.”

Foi em 2006 que Rodrigo começou verdadeiramente a trabalhar de forma orgânica, e no ano seguinte saíram para o mercado os seus primeiros vinhos, com o nome “Húmus”, que a sua esposa, Cristiana, tão certeiramente batizou. Em 2010, Rodrigo estabelece um marco no mundo dos vinhos em Portugal, tornando-se pioneiro na abolição do uso de dióxido de enxofre, ou seja, o sulfuroso não mais seria acrescentado aos seus vinhos. Na adega, o trabalho de Rodrigo é eminentemente criativo, mesclando o labor de artesão com a imaginação de um artista irreverente, sendo o objetivo bem simples: fazer com que os vinhos expressem, de forma bem intuitiva, a singularidade da terra e dos outros elementos da natureza. A composição dos lotes, o modo de vinificar, por exemplo, não são, na “Húmus”, conceções inertes e repetitivas, e por isso nós, os que temos o privilégio de ter acesso aos vinhos saídos da vontade esteticamente irrequieta de Rodrigo, somos constantemente recompensados com vinhos sempre viçosos e inovados.

Especificações
Húmus

Nome da propriedade: Húmus
País: Portugal
Região: Lisboa
Área da vinha: 9 hectares
Viticultura: Orgânica (certificada)
Terroir: Solos de argila e calcário. Idades das vinhas compreendidas entre 10 e 29 anos. Clima atlântico.
Castas: Touriga Nacional, Castelão, Tinta Barroca, Syrah, Arinto, Fernão Pires,
Produtor: Rodrigo Filipe